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Este espaço visa fornecer algumas pistas sobre aspectos relacionados com a segurança do caçador submarino, para a qual também contribui a consideração de determinados aspectos físicos e psicológicos que deverão ser muito bem interiorizados.

Apresentam-se também algumas dicas no domínio da manutenção do material e vertente técnica, bem como todas aquelas que, relacionadas ou não com estes assuntos, venham sendo consideradas relevantes para a prática da caça submarina.


SEGURANÇA

ASPECTOS FÍSICOS E PSICOLÓGICOS

TÉCNICA
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MANUTENÇÃO

CURIOSIDADES
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ENVIAR COLABORAÇÃO


 

 

 

 

 

NÃO DEPENDER DO AUXILIO DOS COMPANHEIROS

 

Apesar de toda a conveniência existente em caçarmos acompanhados, o facto de o fazermos, não deverá nunca servir de pretexto para incorrermos em riscos desnecessários, fruto daquela que poderá muito bem ser, uma falsa sensação de segurança. Assim, deveremos assumir sempre os nossos limites, e respeitá-los, na mesma medida em que o faríamos se estivéssemos sozinhos.

 

 

 

 

EXCESSO DE PESO

 

Um pouco de peso a mais no cinto, para além do recomendado, facilita a imersão, no entanto, a factura a pagar na subida, poderá ser cara demais. O lastro a utilizar, deverá ser o adequado ao peso do caçador (1/10), e garantir uma flutuabilidade positiva (significa que se nos imobilizarmos, somos levados para a superfície, e não para o fundo), pelo menos até aos sete metros de profundidade. Tal permitirá efectuar as subidas sem problemas, e caso ocorra um eventual desmaio, pelo menos na zona de flutuabilidade positiva, será levado para a superfície.

Apenas na caça à espera, a pouca profundidade, será admissível utilizar um pouco mais de peso, dado o tipo de caça de que se trata, mas sempre com extrema cautela, controlando bem a reserva de oxigénio. Noutro tipo de situações, e se insistirmos em ver as nossas descidas facilitadas pelo peso extra, poderemos recorrer ao método do lastro variável.

 

COLOCAÇÃO DO PUNHAL

 

Nunca deveremos escolher os braços para a colocação do punhal, por uma razão muito simples, é que se o fizermos, só uma das nossas mãos consegue aceder ao punhal, precisamente a do braço oposto ao que tem o punhal, e se essa ficar presa, ficamos impossibilitados de utilizar uma ferramenta que poderá ser necessária para nos salvar a vida.

 

 

 

 

CUIDADO COM A ARMA

 

Nunca por motivo algum deveremos largar a nossa arma pronta a disparar, por exemplo, em cima de uma rocha submersa, presa no punho, etc, nem mesmo quando está travada, uma vez que o mecanismo de travagem não merece confiança. A falta de cuidado neste capítulo, pode gerar acidentes, uma vez que a arma, com o efeito dos nossos movimentos, ou com os solavancos provocados pela corrente, muda facilmente de orientação, e poderá disparar-se sozinha.

 

 

 

PROFUNDIDADE

 

É absolutamente necessário ter em mente, que o alcançar de determinadas profundidades, no mergulho em apneia, se atinge graças a um progresso natural, e nunca de forma forçada, o tempo e a experiência ao longo de várias caçadas e treino físico, farão com que a pouco e pouco, e em segurança, alcancemos os nossos objectivos.

Para além disso, caçar a pouca profundidade, pode ser extremamente proveitoso, por vezes, e dependendo dos locais e condições verificados, até mais do que a maiores profundidades, e é sem dúvida a melhor escola, para um caçador principiante.

As profundidades nas quais normalmente conseguimos caçar, poderão, ou deverão ver a sua cota reduzida, caso se verifiquem determinadas condições, das quais se poderão destacar, uma reduzida visibilidade, uma baixa temperatura da água, ou a presença de correntes marítimas.

As imersões efectuadas durante uma caçada, deverão iniciar-se a pouca profundidade, com vista a uma adaptação o mais gradual possível do nosso organismo.

ABANDONAR O CINTO

 

Esta poderá ser uma atitude fortemente aconselhável em determinadas situações, como por exemplo, se estivermos em dificuldades durante uma subida. De facto, não deverá haver lugar a hesitações, cintos há muitos, nós somos únicos.

O abandono do cinto, aumenta em muito a nossa velocidade na subida, uma situação de pânico, nunca deverá ser suficiente para nos fazer esquecer o simples acto de abrir uma fivela.

 

 

 

NÃO CAÇAR SOZINHO

 

Devemos procurar sempre caçar acompanhados, para além de ser mais divertido, é muito mais seguro, especialmente tratando-se de caçadores ao mesmo nível.

Em caso de dificuldade, a ajuda de um companheiro poderá fazer toda a diferença.

Há no entanto de ter cuidados redobrados, com determinados aspectos que não seriam tão relevantes caso estivéssemos sozinhos, como por exemplo, a direcção dos disparos que efectuamos, e a orientação das armas durante as deslocações e entre disparos (nunca confiar no travão).

 

 

USAR SEMPRE A BÓIA

 

A bóia é um elemento do equipamento do caçador, obrigatório por lei, e cumpre a importantíssima função de denunciar a nossa presença ao tráfego marítimo, estando convencionado que o mesmo deverá respeitar um raio de 50 metros em torno daquela.

Uma bóia é ainda útil como meio de transporte de equipamento e peixe capturado, e como uma via de que o caçador dispõe, para descansar e relaxar.

 

 

 

APNEIA

 

A palavra apneia vem do grego "ápnoia", e significa uma suspensão temporária da respiração, a qual em caça submarina, é utilizada para permitir a imersão.

A capacidade de apneia, a experiência e as condições existentes em geral, condicionam os resultados alcançados pelo caçador, uma vez que todos esses factores contribuirão para uma eficaz ou ineficaz aplicação das diferentes técnicas de caça.

No que concerne à apneia, a aplicação dessas técnicas, muitas vezes obriga a permanecermos submergidos durante consideráveis períodos de tempo, e sendo esta, uma capacidade física, como tantas outras, é mais ou menos mensurável, uma vez que todos nós fazemos uma ideia dos valores que atingimos nesse campo, e aqui convém diferenciar desde já, entre:

apneia estática: efectuada com total ausência de movimento

e, apneia dinâmica: efectuada em movimento, mais ou menos acelerado, o que condicionará a sua duração, uma vez que o aumento do movimento muscular, conduz a um consumo superior do oxigénio disponível durante a apneia. Por isto, será essencial ao caçador submarino, restringir os seus movimentos ao mínimo possível, principalmente os das pernas, as quais são responsáveis pelo maior consumo.

A capacidade de apneia, varia de indivíduo para indivíduo, e mesmo ao nível individual, apresenta variações, provocadas por todo um conjunto de factores, tais como, a disposição psicológica, a alimentação, a falta de repouso, etc.

No entanto, como capacidade física que é, e desde que estejam reunidas todas as condições de saúde necessárias, é passível de ser melhorada.

Um dos aspectos que contribui grandemente para os valores de apneia obtidos, será o grau de familiaridade que possuímos com o meio aquático, quanto mais habituados estivermos à água, mais relaxados estaremos, e tudo acontecerá com naturalidade.

O exercício físico, como a corrida ou btt, praticado de forma regular, contribui por sua vez, para um incremento da capacidade de lidar com a carência de oxigénio, facilitando e melhorando os processos de retenção e transporte desse gás, por parte da corrente sanguínea e tecidos.

O exercício físico porém, deverá ser encarado como um complemento, nada melhor do que praticar a apneia propriamente dita, quer estática quer dinâmica, preferencialmente no mar, ou alternativamente, em piscina.

A apneia poderá ainda ser praticada a andar, a conduzir, etc, quando não é possível ir para a água, muitas outras formas existem de a irmos praticando, quer em movimento, quer imóveis.

O ideal será levar a cabo o treino de apneia, acompanhados, por alguém pelo menos ao nosso nível, e que nos possa controlar, no entanto, e numa perspectiva realista, muitas vezes fazemo-lo estando entregues a nós próprios, e nesse caso, nada melhor do que nunca procurarmos atingir os nossos limites. Pensemos no oxigénio como sendo o combustível do nosso organismo, e agora, pensemos no nosso carro, e no facto de nunca esperarmos que o seu combustível acabe totalmente para o irmos abastecer, pois é, há que contar com uma reserva, senão "paramos", e o pior é que poderá não haver boleia.

 

HIPERVENTILAÇÃO

 

A hiperventilação, é uma forma artificial de incrementar os tempos de apneia, a qual consiste numa série de respirações lentas e profundas, efectuadas em estado de relaxamento, saturando os pulmões de oxigénio, e procurando utilizar toda a capacidade torácica durante as inspirações.

Poder-se-á afirmar, com um elevado grau de subjectividade que, por exemplo em águas temperadas, para dois minutos de apneia, serão requeridos dois minutos de hiperventilação, existindo portanto uma relação 1:1.

A hiperventilação, é no entanto extremamente perigosa, e bastante desaconselhada, sendo apenas admissível quando praticada em competições, e onde se verifica a existência de um eficaz sistema de segurança, contando com uma equipa médica pronta a intervir, em caso de acidente.

O dióxido de carbono (CO2), está presente no nosso sangue, e em apneia, a maior ou menor percentagem em que exista, constituirá o nosso cronómetro vital, isto é, a partir de uma determinada concentração desse gás, na nossa corrente sanguínea, começará a tornar-se evidente a necessidade de respirarmos, sendo esta cada vez maior.

Em condições normais, ao sentir-mos que essa sensação se está prestes a desencadear, iniciamos de imediato o regresso á superfície, para respirarmos, e tudo corre bem. Ora, o que a hiperventilação provoca, é uma deturpação desse alarme natural, podendo fazer com que ele surja tarde de mais, já com uma situação grave de hipóxia (deficiência de oxigénio nos tecidos corporais), o que implica a carência de fornecimento de oxigénio ao cérebro, e isto quando provavelmente ainda temos uns bons metros de água por cima de nós. É quando pode acontecer o pior, a síncope.

Quem pratica a hiperventilação, corre um grande risco, um risco que pode matar.

SÍNCOPE

 

Uma síncope, traduz-se na perda de consciência, acompanhada da suspensão real ou aparente da circulação sanguínea, e da respiração, tendo geralmente como principais avisos, relativos à eminência da sua ocorrência, a sensação de "formigueiro" nos membros, tonturas, distúrbios visuais e taquicardia (batimento anormalmente acelerado do coração).

 

 

 

 

SABER GERIR O OXIGÉNIO

 

É de extrema importância, que durante todo a fase de imersão, mantenhamos o controlo sobre a nossa reserva de oxigénio, não esquecendo que cada movimento efectuado significará o gasto de mais um pouco desse precioso gás.

precisamos ter sempre presente que caso efectuemos algum esforço extra, a uma profundidade significativa, tal como desentocar um peixe, ou soltar um arpão que ficou preso, esse esforço levar-nos-á uma boa parte do oxigénio, e não nos podemos alhear do regresso que tem de ser feito para a superfície, e de que este tem de ser suficiente para o fazer. Caso esse tipo de tarefas não consiga ser levado a cabo com a rapidez necessária, não se deverá incorrer em hesitações, dever-se-á emergir de imediato, e efectuar os mergulhos que forem necessários para o conseguir fazer em segurança.

Qualquer emersão, deverá ser efectuada sem esforço, já que devemos guardar sempre uma boa parte da nossa reserva de oxigénio, para o fazer, quanto maior a profundidade praticada, mais aguda se torna esta questão.

REPOUSO E APNEIA

 

Não é muito aconselhável praticar caça submarina após uma noite mal dormida, é que o facto de não estarmos devidamente repousados, irá reflectir-se na nossa capacidade de apneia, além de termos uma muito maior propensão para cometer erros, aspectos que em conjunto, poderão ser perigosos. Por isso o bom senso diz para não irmos para a água, mas caso o façamos, devemos ter cuidados redobrados.

 

 

 

 

QUANDO PODEMOS IMERGIR

 

Estaremos em condições de imergir, quando o nosso ritmo cardíaco estiver normal, entre mergulhos por exemplo, o momento que se está á superfície, não deverá servir apenas para uma ou duas respirações, seguidas de uma imersão imediata, por mais motivos que tenhamos para querer tornar a mergulhar o mais depressa possível, é necessário parar alguns segundos para nos apercebermos se tudo está bem com o nosso ritmo cardíaco.

Devemos evitar mergulhar sob estados de tensão, a calma e a descontracção, são a base de uma boa imersão.

 

 

ENJOO

 

O enjoo consiste num movimento compulsivo do epigástrio (parte superior do abdómen, entre o umbigo e o esterno), e pode surgir como consequência da ondulação à qual o caçador está sujeito, do movimento da suspensão, ou então pelo "dançar" das algas, sob o efeito da corrente, estímulos que poderão entrar em dissonância com a área do cérebro responsável pela regulação do equilíbrio.

Uma boa forma de evitar o enjoo, será, sempre que possível, procurar evitar o demorado contacto com esses estímulos visuais. Caso o enjoo já se faça sentir, por vezes dá resultado colocarmo-nos na vertical, com a cabeça fora de água, fixando uma paisagem estável, como por exemplo, uma rocha á superfície, ou o horizonte, este pequeno truque ajuda os nossos olhos a verem o mesmo movimento que o nosso corpo está a sentir.

Caso esteja a caçar de barco, evite respirar os gases do motor, uma vez que os odores desagradáveis podem contribuir para o enjoo.

Podemos fechar os olhos, durante algum tempo, caso isso não comprometa a nossa segurança, isso impedirá que o cérebro continue a receber mensagens confusas.

O facto de estarmos em jejum, também poderá contribuir para o enjoo, bem como o facto de estarmos fatigados ou ressacados.

O nervosismo e a ansiedade poderão igualmente ser responsáveis pelo enjoo.

ALTERAÇÕES DURANTE O MERGULHO

 

Algumas alterações fisiológicas ocorrem durante um mergulho em apneia, a redução do batimento cardíaco (bradicardia), com vista à poupança de oxigénio, o chamado "reflexo de mergulho", o qual conduz igualmente a uma canalização prioritária do sangue e oxigénio para órgãos de importância critica, como o cérebro e o coração, que pretende igualmente a poupança de oxigénio, ocorre igualmente uma afluência de sangue dos órgãos periféricos, para a caixa torácica, para evitar o perigoso efeito da pressão negativa sobre a pleura, aquando da redução do volume dos pulmões por efeito da pressão hidrostática, fenómeno conhecido por "blood shift". Sendo os músculos os menos contemplados neste processo.

O mergulho em apneia, provoca igualmente uma redução do diâmetro do sistema venoso e arterial, nos membros e região abdominal, o que facilita a concentração do sangue onde ele está a ser mais necessário, e ajuda á manutenção do calor corporal.

Num mamífero marinho como a foca, por exemplo, sucede o mesmo tipo de reflexo, no entanto a sua fisiologia permite-lhe facilmente permanecer debaixo de água, e em pleno movimento, dez minutos,ou mais, isto porque, a foca não depende maioritariamente do oxigénio situado nos pulmões, uma vez que a maior parte do mesmo é armazenado no sangue, aliás, ela expele uma boa parte do ar que inspirou à superfície, no inicio do mergulho, e sendo que por exemplo, uma foca de Weddell, possui cerca de 150 ml de sangue por quilo de peso, cerca de duas vezes aquilo que nós temos, e o seu sangue possui mais hemoglobina (assegura o transporte do oxigénio para as células) que o nosso, cerca de 1,6 vezes mais. Estes aspectos combinados, provocam com que a capacidade de armazenagem de oxigénio no seu sangue, seja muito superior á nossa, e tenham uma muito melhor capacidade de apneia.

O campeão mundial de apneia entre os mamíferos, é o cachalote, com noventa minutos, atingindo profundidades que chegam aos mil metros.

COMPENSAR

 

Um problema com que se debate o caçador submarino, é o facto de ao chegar a uma determinada profundidade, começar a sentir uma intensa dor de ouvidos, provocada pela pressão da água sobre os tímpanos. Os tímpanos são membranas que separam o ouvido externo, do ouvido médio, para que este não se inunde durante o contacto com a água.

A caixa do tímpano (ouvido médio), dada a sua comunicação com a cavidade nasofaringea, está cheia de ar à pressão atmosférica. Esta comunicação é levada a cabo através da trompa de eustáquio, pelo que será muito importante o bom funcionamento deste elemento.

Estas duas pressões têm de ser equilibradas, e, para o fazermos não deveremos esperar que a dor faça a sua aparição, mas sim proceder a esse equilíbrio, antes dessa aparição, como?,

activando a abertura da trompa do eustáquio, através de movimentos dos maxilares, deglutição de saliva, o recorrendo á mais frequente, manobra de Valsalva*, a qual consiste em provocar a abertura da trompa, apertando o nariz com os dedos, e ao mesmo tempo canalizar um pouco de ar para o mesmo, mas de forma suave, sem esforçar. Desta forma, fazemos com que seja injectado ar no ouvido médio, o que equilibrará as pressões.

Durante a subida, não é necessário, sendo mesmo altamente contra-indicado, efectuar qualquer tipo de compensação, uma vez que o ar flui livremente no sentido contrário.

* Valsalva, anatomista italiano, nascido em Imola em 17 de Junho de 1666, e falecido em Bolonha, em 2 de Fevereiro de 1723.

 

LASTREAMENTO VARIÁVEL

 

Um dos pontos já abordados, foi a questão da diferenciação entre flutuabilidade positiva e negativa, ambas, tendo em conta uma serie de factores como o peso do lastro utilizado, a espessura do fato, são passíveis de serem medidas, a primeira consistirá na profundidade que vai da superfície, até ao ponto mais profundo, que ainda permita que que nos imobilizemos, e comecemos a ascender, em vez de descer, a segunda será a profundidade que que vai desse ponto até ao fundo.

Ora, sabendo nós que o propósito principal do lastro, é o de nos facilitar a descida, será pacífico dizer que que na subida será muito menos necessário, para não falar na zona de flutuabilidade negativa.

O lastreamento variável veio afirmar-se como uma resposta a esta situação, e consiste basicamente em, a partir de uma determinada fase do mergulho, normalmente na zona negativa, prescindir de parte ou da totalidade do lastro, uma vez que já não será necessário. Assim, com este processo, torna-se possível atingir profundidades superiores, uma vez que nos é garantida uma muito mais rápida ascensão, requerendo menor esforço, e menor oxigénio.

O lastro descartado, estará conectado por um cabo, á bóia, o que permitirá que uma vez à superfície, o recuperemos.

ORGANIZAÇÃO

 

É aconselhável praticarmos a nossa caçada, de uma forma organizada, com sentido de observação, e com pacientes e meticulosas buscas, o peixe pode estar onde menos suspeitamos. Convirá delinear bem a nossa estratégia, tentando gerar um mapa mental dos locais de caça, o que levará a uma economia de tempo, e a técnicas mais eficazes.

 

 

 

 

DISPARAR

 

Quando se aproxima o momento de efectuar um disparo, devemos evitar precipitações, e, apesar de termos de agir com rapidez, o facto de esperarmos mais um ou dois segundos, poderá fazer a diferença entre capturar o peixe, falhar redondamente o tiro, e deixá-lo escapar. ou pior ainda, acertar-lhe numa zona sem rigidez suficiente (abdómen p.ex), a qual se poderá rasgar, fazendo com que o peixe se escape com um horrível ferimento, o que é deveras desagradável para qualquer caçador submarino.

Assim, deveremos aguardar, pacientemente, que o peixe se apresente no melhor ângulo possível, permitindo um tiro certeiro, e de forma a que o arpão encontre espaço para perfurar para além da barbela.

Caso o peixe não morra com o tiro, há que fazê-lo com a ponta do punhal, ou outra ponta aguçada, pressionando o seu crâneo por entre as guelras. Este para além de um gesto de piedade, evita que o peixe no enfião provoque um alvoroço tal, que afugente os outros peixes.

REVESTIR O TUBO DA ARMA

 

Com o objectivo de diminuirmos o ruído provocado pelos embates acidentais, da arma nas rochas, poderemos revestir o tubo com neoprene fino, ou câmara de ar

 

 

 

 

 

SUGESTÕES PARA A BÓIA

 

Muitas vezes a nossa bóia poderá encontrar-se desiquilibrada, o que poderá ser solucionado, com a passagem de um cabo por todas as argolas da sua zona inferior, de forma a que o peso do equipamento que prendermos a essa corda se distribua mais homogeneamente.

quem utilize mangueira de aquário, em substituição do vulgar cabo flutuante, como forma de prender a bóia, esta apresenta como principais vantagens, o facto de não ter tanta tendência a enrolar-se nas pernas dada a sua maior flutuabilidade, e por outro lado, sendo translúcida, torna-se mais discreta.

 

 

LAVAGEM

 

Um dos aspectos mais importantes da manutenção do material de caça submarina, é a necessidade de este ser cuidadosamente lavado com água doce, após a sua utilização.

Uma forma eficaz de o fazer, especialmente no que toca ao equipamento de neoprene, será colocá-lo na banheira, com água quente, com um sabão ou detergente suaves, o que tornará a remoção do sal, sujidade e suor, mais eficaz.

Se o sal permanecesse no equipamento, provocaria ressequimento e corrosão dos componentes metálicos, e fazendo com que os tecidos, neoprene e outras borrachas, percam as suas propriedades, tornando-os menos resistentes, além disso, os cristais de sal e a areia são extremamente abrasivos, o que também poderá provocar danos no material.

Ao lavarmos a arma, devermos procurar introduzir água com alguma pressão, no seu mecanismo, ao mesmo tempo que o vamos accionando.

O equipamento não deverá ser posto a secar sob a luz directa do sol.

 

INSPECÇÃO

 

A seguir á lavagem e secagem do material, será a altura ideal para procedermos á verificação do estado de cada elemento, com o objectivo de detectar eventuais necessidades de manutenção e reparação.

Verificar bem o fato, meias e luvas, especialmente junto ás zonas das costuras e vedantes, bem como detectar possíveis danos provocados pelo contacto com rochas.

Para reparar os danos encontrados, poderemos recorrer á cola de neoprene, ou á costura com linha de polyester, resistente. Salienta-se que, no caso de decidir recorrer á colagem, o fato deverá estar bem seco, e normalmente, só deverá ser utilizado após 6 a 8 horas, no entanto, nada melhor do que ler as instruções de utilização da cola.

Geralmente as lanternas estão equipadas com O'rings de borracha, para as tornar estanques, logo, os mesmos deverão merecer toda a nossa atenção, no sentido de verificarmos se estão em perfeitas condições, limpos e lubrificados (existe um lubrificante próprio para O'rings). Deveremos igualmente retirar as pilhas da lanterna, e verificar se o seu interior está seco, e se os contactos estão limpos e sem sinais de corrosão, senão poderemos utilizar um spray para contactos, e limpá-los com uma simples borracha de lápis, que é muito eficaz.

O interruptor deverá ser muito bem limpo, devendo ser accionado diversas vezes durante a lavagem, para não ficar com vestígios de sal. Findo este processo, a lanterna deverá ser arrumada, sem as pilhas.

Quanto á arma, de vez em quando, torna-se conveniente, uma limpeza mais radical, envolvendo a sua desmontagem total ou parcial, incluindo do sistema de gatilho, devendo ser tudo bem limpo e lubrificado com um pano embedido de um óleo fino. Deverá ser verificado o nível de desgaste dos elásticos, caso este seja já considerável, não deveremos hesitar em substitui-los.

Deveremos verificar o estado do arpão, certificando-nos de que está direito, e se a sua ponta se encontra em condições, tendo em conta que, se o tipo de caça que mais usualmente praticamos, implica o impacto frequente do arpão com rochas ou outras superfícies duras, será preferível afiar a ponta de uma forma menos afilada que a de bico de lápis, mais adequada para tiros em água livre.

Ao batermos com a mão no meio do arpão a barbela deverá actuar, levantando-se, e mantendo-se aberta.

A faca deverá ser afiada caso seja necessário, e lubrificada com um anti-ferrugem, devendo para o efeito, e caso seja possível, ser desmontada na totalidade, separndo-se o cabo da lâmina..

Os fios, quer da bóia quer do arpão, deverão ser inspeccionados em busca de zonas desgastadas, as quais deverão conduzir á sua substituição.

ARRUMAÇÃO

 

O fato deverá ser arrumado totalmente estendido em cima de uma prateleira, ou pendurado num cabide o mais largo possível, já que um cabide estreito poderá, com o tempo, provocar-lhe vincos irreversíveis.

Também é totalmente desaconselhado colocar pesos sobre o fato, o que pode provocar o esmagamento das bolhas do neoprene, diminuindo a sua capacidade de isolamento.

Todo o material sem excepção deverá ser protegido do calor, luz do sol, humidade, pesos, bem como de químicos e fumos, podendo por exemplo ser guardado em sacos plásticos, que possuam um tamanho suficiente.

As barbatanas jamais deverão ser guardadas na posição vertical, o que poderá levar á deformação da sua curvatura.

Não devemos igualmente deixar silicone em contacto com neoprene, o que conduz à descoloração do primeiro.

Muitas vezes elegemos a nossa garagem como local para guardarmos o equipamento, sendo esse provavelmente o pior local para o fazer. Geralmente mal ventilada, uma garagem é frequentemente caracterizada pela existência de fumos, e todo um conjunto de produtos, como tintas, solventes, insecticidas, etc, todos este factores em conjunto, contribuem para que o ar nesse local provoque uma grande deterioração do nosso material.

Se formos mesmo forçados a utilizar a garagem, para arrumar o equipamento, devemos colocá-lo em sacos plásticos bem robustos, como por exemplo os sacos de lixo grandes, mas sem nunca dobrar ou enrolar o neoprene.

VOLTANDO À SUPERFÍCIE

 

A pressão exercida por uma coluna de 10 metros de água do mar é equivalente à pressão de 1 atmosfera. A pressão aumenta à medida que a profundidade aumenta, pelo que, à profundidade de 20m a pressão de água é de 2 atm, e assim sucessivamente.


O que aconteceria se um mergulhador com escanfandro autónomo subisse rapidamente até à superfície sem respirar ? Se a subida começasse 7m abaixo do nível do mar, a diminuição total de pressão para esta variação de profundidade seria 0,7atm. Quando o mergulhador atingisse a superfície, o volume de ar situado nos pulmões teria aumentado de um factor igual a (1+0,7)atm, ou seja 1,7 vezes. Esta expansão súbita de ar pode ser fatal, rompendo as membranas dos pulmões.


No caso de mergulho em apneia (sem garrafas), este problema não se põe uma vez que o ar é sempre inspirado na superfície, á pressão atmosférica.

 

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